segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014




"Descobrir o verdadeiro sentido das coisas,

É querer saber demais,

Querer saber demais"



Escuta no meu peito
O gosto e a friagem
Da garapa que adoça
A lâmina do facão
Abrindo-lhe a carne

Escuta no meu peito
O curso do sangue
Desidratando-se
Como tinta pela página

Escuta no meu peito
O silêncio trêmulo
Da minha voz
Gritando por ti sem desassossego

Escuta no meu peito
A escrita impossível
De tua voz
Repercutindo vazios

Escuta no meu peito
O alarido dos fantasmas
Do tempo
Assombrando-me de visões

Escuta no meu peito
O burburinho da palavra
Tomando posse de mim
Qual território inóspito

Escuta no meu peito
O canto das cidades
Os voos
Que nunca adejaram

Escuta no meu peito
O pio do pássaro
Na gaiola – asas em plumas
E o aleijão do voo

Escuta no peito
Todos os meus medos
Revelados às tuas mãos
Ao arrepio de tua nuca nua

Escuta no meu peito
Meus segredos
Murmurados à lua

Escuta no meu peito
O vulto dos amores
Que feneceram, enfim,
Como todas as flores

Escuta no meu peito
O vermelho tinto
Da buganvília
Extinta da rua

Escuta no meu peito
O fluxo da língua
Ávida de pele
Ávida de página

Escuta no meu peito
O curso do rio
Que nunca fluiu
Fora da língua

Escuta no meu peito
O teu nome
Que não paro
De silenciar.

(Nilo da Silva Lima)

"Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã."

"Leitura correta é ginástica para o cérebro"

Quero compartilhar com nossos leitores artigo que achei muito interessante da revista digital Brasil Que Lê. Segue na íntegra…

Leitura correta é ginástica para o cérebro
Voz da Rússia – 04/08/13
Saber ler realmente influi fortemente sobre a reação do cérebro. Em primeiro lugar, torna mais complexa a organização da zona visual do córtex cerebral. Em segundo lugar, na pessoa que sabe ler, praticamente toda a rede de neurônios, que responde pela assimilação da linguagem oral no hemisfério esquerdo, é ativada também com a ajuda de texto impresso.
Mas acontece que a leitura tradicional tem falhas: falta de atenção e de programa flexível de leitura, quando todos os textos são lidos com a mesma lentidão, movimentos de retorno dos olhos para o que já foi lido, e, naturalmente, o “inimigo número 1″ – falar para si o texto lido. Como resultado, a informação não é memorizada e escapa o sentido do que está escrito.
Diariamente o homem moderno tem de ler dezenas de páginas de textos – não apenas literatura de ficção, mas também informações no trabalho, imprensa, correspondência de trabalho e pessoal. Por isso a leitura correta, antes de mais nada, subentende a assimilação eficiente da informação. Diferentes técnicas de leitura dinâmica ensinam não apenas a ler rapidamente, como muitos pensam, partindo do nome, antes de mais nada a entender o conteúdo do texto e assimilá-lo com utilidade para si.
Para alcançar tal assimilação eficiente, é preciso treinar. Como? Lendo. Mas com certo método. Em primeiro lugar, fazendo exercícios sistemáticos de ampliação do campo de visão, eliminando a pronúncia das palavras, e aplicando o arranque da essência dos algoritmos da leitura. E não esquecendo que isto não é diversão, mas o caminho complexo de reestruturação do trabalho do cérebro.
Pode-se treinar tanto em textos ficcionais conhecidos (pela forma, pelo conteúdo, pelo autor) como em artigos informativos, de jornais ou científicos. O importante é o desejo de haurir várias idéias. Antes da leitura é necessário ter uma idéia de que informação você quer extrair do texto, tentar adivinhar o conteúdo da página. É muito importante a disposição, pois se você se prepara para notar a aspereza do texto, como resultado notará justamente ela. Mas se se prepara para obtenção de um fato, você o receberá.
O próximo passo importante é aprender a ler em silêncio, não pronunciando com a boca ou em pensamento o texto. Esta capacidade desvia a atenção e reduz consideravelmente a velocidade. Aqui é importante se controlar: se seus lábios se mexem – aperte com um palito de dente ou lápis. É mais difícil controlar a pronúncia em pensamento. Um dos métodos é ler e bater o ritmo com a mão, por exemplo.
A habilidade em se concentrar no problema é um dos componentes do trabalho intelectual bem-sucedido. Existe um exercício simples, que pode ajudar – é a leitura das palavras ao contrário, mas não em voz alta e sim em pensamento. Lendo a palavra de trás para frente é preciso inicialmente imaginá-la por letras e depois ler. Se nesse momento a consciência casualmente se distraiu com algo alheio, é preciso fazer o exercício novamente. Ao mesmo tempo é treinada também a atenção. Para não perder tempo em vão, pode-se realizar este jogo-exercício no transporte público.
Com frequência comparam o método de leitura dinâmica com o esporte, só que aqui se desenvolvem não os músculos mas o cérebro. Pesquisas provaram que os que dominam a leitura dinâmica têm mais velocidade dos processos nervosos, reflexos mais rápidos. Por isso não temam aprender a leitura dinâmica – isto é útil.

Palavra



Palavra
Tenho que escolher a mais bonita
Para poder dizer coisas do coração
Da letra e de quem lê
Toda palavra escrita, rabiscada
No joelho, guardanapo, chão
Ponto, pula linha, travessão
E a palavra vem
Pequena
Querendo se esconder no silêncio
Querendo se fazer de oração
Baixinha como a altura da intenção na insegurança
Vírgula, parênteses, exclamação
Ponto, pula linha, travessão
E a palavra vem
Vem sozinha
Que a minha frase invento pra te convencer
Vem sozinha
Se o texto é curto, aumento pra te convencer
Palavra
Simples como qualquer palavra
Que eu já não precise falar
Simples como qualquer palavra
Que de algum modo eu pude mostrar
Simples como qualquer palavra
Como qualquer palavra.

- O Teatro Mágico